segunda-feira, 25 de abril de 2011

DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM DA LEITURA.

Rosangela Maria da Rocha

Pretendo nesse artigo observar e compreender o processo de inclusão de alunos com dificuldades na leitura na escola Ministro Tarso Dutra interior de Seberi.

As observações foram feitas durante o ano de 2009, diariamente para que esses dados fossem registrados. Tenho por objetivo nessa temática entender como se trabalha com alunos que tenham dificuldades de aprendizagem, não aprendem a ler, são agressivos, desestimulados e de difícil relacionamento com professores e colegas.

Minha preocupação quando futura educadora é me deparar com a inclusão de alunos com dificuldades graves de aprendizagem, e despreparada, sem capacitação, não saber com lidar com esses alunos, fazer com que eles aprendam, ter um bom relacionamento, fazer com que haja a socialização deles com a turma, para que junto com os colegas desenvolvam um aprendizado suficiente.

Para que uma escola ofereça educação de qualidade para todos os alunos, inclusive os portadores de deficiência e com dificuldades de aprendizagem, a escola precisa oferecer uma formação continuada para os professores, adaptar o currículo as necessidades dos alunos, desenvolver trabalhos com as famílias para estimular a inclusão de todos esses alunos, se preparar para as novas adaptações que as propostas da inclusão estão propondo as escolas, professores e familiares também.

Uma escola vive o desafio de ser uma para todas, o desafio de não produzir no âmbito escolar o movimento tão premente em nossos tempos de homogeneização dos seres, de abafamento das singularidades e das diferenças.

Resta hoje a cada escola construir, ao seu modo, sua resposta ao paradoxo de ser ao mesmo tempo igual e única para cada um. (TIGRE & TEIXEIRA,2005:182).

Ferreira e Ferreira, et al (2004) “advertem para a existência de situações deficitárias aos alunos decorrentes da falta de infra-estrutura necessária à efetivação da educação escolar.”.

Acredito que para que aconteça a inclusão de alunos com dificuldades de aprendizagem nas escolas, os professores precisam de muita boa vontade, capacitação, trocar idéias com outros profissionais que já tenham mais conhecimentos sobre esse assunto, e que possam colaborar na busca de soluções..

O processo de inclusão deve ser feito com cautela, respeitando as dificuldades e as diferenças entre as crianças. A inclusão não esta limitada a se colocar uma criança dentro da escola, é preciso que ela consiga interagir, se socializar com todos, de acordo com suas potencialidades.

. A maioria das escolas inclusive a minha escola parceira não esta preparada para a inclusão dos alunos com necessidades especiais, na prática acontece é que as escolas recebem os alunos com deficiência e com dificuldades de aprendizagem, mas os excluem no próprio ambiente escolar, deixando-os isolados num canto da sala de aula, sem atendimento diferenciado por causa das suas necessidades diferenciadas dos demais colegas. A escola parceira alega que está pratica acontece devido ao despreparo dos professores da própria da direção, porque os professores desse educandário não acreditam no benefício que essas crianças podem ter ao freqüentar o ensino regular, e afirmam que eles têm que ter um atendimento numa escola de educação especial.

“A inclusão não é somente para os alunos com deficiência ou dificuldades de aprendizagem, mas para todos os alunos, educadores, pais e membros da comunidade.” (FALVEY e al.1995, p.9)

Analisando as dificuldades na leitura de alguns alunos, pude perceber casos semelhantes de dislexia. Segundo Jean Dubois,dislexia é um defeito da aprendizagem da leitura, caracterizado por dificuldades na correspondência entre símbolos e gráficos, às vezes mal reconhecidos e fonemas mal identificados.

Uma observação do professor é necessária para se detectar casos de dislexia, mas precisa-se de um diagnóstico confirmado de um reurologista para se poder afirmar que o aluno tem dislexia.

De acordo com Correia (1999, p. 52),

As necessidades educativas especiais podem ser classificadas como permanente ou temporária. A primeira se classifica como (deficiência mental, auditivas, surdas, visuais) como também as dificuldades de aprendizagem, perturbações emocionais, de comunicação, motores, autismo e alguns problemas de saúde. As temporárias são aquelas que aparecem no percurso escolar, geralmente se manifestam como problemas de leitura, escrita e cálculos ou atrasos, perturbações graves do desenvolvimento motor, perceptivo, lingüístico ou sócio emocional.

Uma escola inclusiva é aquela em que todos os alunos se sintam incluídos, eles interagem uns com os outros, que aconteça a socialização entre alunos e professores e também haja a aprendizagem por parte deles..

Comparando a inclusão nas escolas com o filme um sonho possível com a realidade das escolas, pode se perceber que na maioria delas essa inclusão ainda não é bem aceita, muitas vezes fica camuflada, observa-se que os professores e alunos sentem um certo rejeitamento por esses alunos, como o personagem do filme,muitas vezes por serem pobres, negros e com dificuldade de relacionamentos e de aprendizagem.

Grande parte das escolas brasileiras ainda não viabiliza a inclusão de alunos deficientes, negros, de classe baixa e com dificuldades de aprendizagem, eles ainda não são bem aceitos pelas escolas, criando então um clima de exclusão difícil de ser lidado por parte dos professores, havendo assim a exclusão desses alunos que se sentem rejeitados por alguns colegas e professores. Muitas vezes na tentativa de incluir esses alunos eles se sentem ainda mais excluídos.

Os alunos e os professores devem compreender aceitar e aprender a lidar com essas diferenças.

É importantes que a escola respeite cada criança, com seu próprio jeito de aprender, respeitando seus interesses, elaborando planos de trabalhos que fazem parte do projeto pedagógico, e que a escola tenha o compromisso do ensino de qualidade para todas as crianças utilizando métodos diferentes, materiais didáticos para atender as necessidades específicas de cada aluno.

Quando o educador se depara com alunos que não conhecem as letras, e não consegue formar as palavras para ler, ele se sente frustrado, e muitas vezes desanimado tentando ajudar esses alunos sem resultado visíveis para o aprendizado.

Acreditar em uma sociedade mais justa, mais humana e mais igualitária significa estar inserido na luta pela superação da relação opressor-oprimido, luta esta que por uma questão de principio, ninguém pode estar de fora. Não se trata de algo impossível, mas de uma proposta prática de superação dos aspectos opressores percebidos na realidade. Essa rebeldia é uma atitude necessária para a ruptura com ás práticas discriminatórias e segregadoras utilizadas pelos opressores na manutenção do paradigma da exclusão. (FREIRE).

Pesquisas recentes revelaram que esses alunos vivem processos cognitivos semelhantes aos das crianças normais, no que se refere ao aprendizado da escrita e da leitura, só que o que precisa é de um período mais longo para a aquisição da escrita e leitura; as estratégias de ensino para esses alunos podem ser as mesmas que com os outros alunos considerados normais.

A cada ano aumenta o número de crianças com dificuldades de aprendizagem da escrita e da leitura, o aluno com essas dificuldades muitas vezes é considerado o único responsável por não aprender, mas a escola não pode atribuir a eles nenhuma culpa, ou atribuir a ele uma doença por causa da dificuldade de aprender.

Para os alunos que apresentam essas dificuldades é importante um acompanhamento médico, psicológico, e que a família aceite o problema para poder ajudá-lo, sem o apoio dela fica mais difícil se conseguir uma solução para esse problema. Mantoan (2003, p.530) “argumenta que ele prevê a inserção escolar de todos os alunos de forma radical, completa e sistemática. Para essa autora todos os alunos devem freqüentar a sala de aula do ensino regular.”.

Os conhecimentos dos alunos devem ser valorizados como ponto de partida para as novas aprendizagens, devendo ser ampliado de modo que a escola seja inclusiva no seu papel educativo e social.

O que define o especial da educação é a qualificação das escolas que sejam capazes de incluir esses alunos excluídos, descentrando os problemas relativos à inserção total de alunos com deficiência e focando o que realmente produz essa situação lamentável de nossas escolas. (MANTOAN: www.lerparacrer.com/banco de escola).

Deve se ter como foco não somente diagnosticar uma realidade que está posta no cotidiano escolar, mas, a partir das dificuldades encontradas, propor, juntamente com os profissionais da escola, alternativas pedagógicas curriculares, pautadas no desejo de construir um trabalho que contribua efetivamente para a transformação das condições de vida e educação deste grupo de sujeitos historicamente marginalizados, garantindo seu direito à igualdade, a partir da inclusão. (GLAT 2005 ).

Cabe aos professores ficarem atentos as suspeitas de dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita ou déficit cognitivo, é tarefa delicada e complexa. Segundo Ferreiro e Piaget o aprendizado da escrita seria uma construção cognitiva e progressiva, mediante estágios sucessivos.

A escola tem que ser capaz de atender todos os alunos em suas especificidades e singularidades e isso é válido para todos aos alunos, não somente para os que possuem algum déficit. Todas as pessoas apresentam diferentes características e se destacam ou apresentam dificuldades em algumas áreas, para isso é preciso que comece a ser respeitado pela escola e que seja levado em conta na hora da aprendizagem e no convívio social.

A inclusão é um processo, isso nos quer dizer que nunca termina, porque sempre terá um aluno que encontrará barreiras para aprender. Em qualquer ano escolar, qualquer aluno poderá enfrentar dificuldades na aprendizagem, essas dificuldades que os alunos encontram diariamente podem servir de um estimulo para que o ensino seja melhorado pelos professores.

Ficou muito claro que a inclusão é possível quando os alunos são aceitos, estimulados á aprendizagem, se tem propostas pedagógicas adequadas, quando a escola oferece infra-estrutura adequada para receber os alunos,quando se respeitam às diferenças.

A experiência que tive de estudar a inclusão foi muito importante para mim como ser humano entender como ela deveria acontecer, mas me fez ver situações na escola parceira que me decepcionaram muito , referentes a certas atitudes que presenciei durante essa pesquisa, onde realmente vi que nessa escola a inclusão ainda não acontece ,mas que os alunos se sentem ainda mais excluídos dentro da escola. Percebi que nessa escola que os professores ainda não aceitam os alunos com deficiência e dificuldades de aprendizagem e acham que todos os alunos têm que aprender igual aos outros, não se importando em usar estratégias, materiais e métodos para estimular os com mais dificuldades em aprender.

As observações que foram feitas mostraram que apesar de muitas propostas de inclusão, as professoras não foram preparadas para lidar com as diversidades de alunos inseridos nas classes regulares, que apresentam alguma deficiência ou dificuldades de aprendizagem, constatei que para ocorrer à inclusão desses alunos nas escolas os professores precisam de capacitação, recursos pedagógicos, a infra-estrutura da escola também deve estar de acordo com as necessidades dos alunos. É muito importante destacar que a inclusão é uma proposta que ainda causa muito equívocos no ensino regular, e que esses alunos acabam excluídos dos planejamentos escolares mesmo que inconscientemente por parte dos educadores. Tive várias dificuldades em pesquisar essa temática, pois apesar de tanto se comentar sobre a inclusão ela ainda é pouco aceita e os profissionais dizem que não estão capacitados para trabalharem com esses alunos que atrapalham os demais, dificultando o desenvolvimento das atividades propostas nas aulas.

REFERENCIAS:

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DUBOIS,Jean,et al. Dicionário de lingüística. São Paulo: Cultrix,1993.

FALVEY, M.A;GIVNER,CC;KIMM,C(1995).

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GARCIA, Jesus N. Manual de dificuldades de aprendizagem. Linguagem. leitura. escrita e matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.

GLAT, R. ROSA, SP (orgs): Fundamentos teóricos e metodológicos ao ensino fundamental. Curitiba: IESDE, 2003.

GLAT, R. Educação Inclusiva na Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro: Estudo etno gráfico do cotidiano escolar e desenvolvimento de estratégias pedagógicas de ensino-aprendizagem para alunos com necessidades educacionais em classes regulares.Rio de Janeiro: UERJ, 2005

HANCOCK, John Lee. Filme: Um Sonho Possível. USA: Warner Bros. 2009.

LAPLANE, A. Notas para uma análise de discursos sobre a inclusão escolar. (2004).

MACHADO, Kátia. Et al. Cotidiano Escolar: desafios didáticos e pedagógicos no processo de inclusão educacional. Disponível em: http://moodle. ufpel.edu.br/cead/file.php/143/Educacao_Inclusiva/Adaptacoes_curriculares_relato_de_experiencias.pdf.

MANTOAN, Disponível em: www.lerparacrer.com/bancode escola.

MATOON, M.T. Inclusão escolar. Oque é? Por que? Como fazer? São Paulo: Moderna,2003.

PETRIN. Elaine A. Escola Inclusiva: direito de todos. In: Artigos. Com. 2009. Disponível em: www.artigos.com/artigo/humana educação/escola inclusiva-direito-de- todos-6993/artigos/

SAMPAIO.C.D.S.S. Ambiente Alfabetizador na pré-escola, uma construção. In:Garcia, Regina Leite.(ORG), Alfabetização dos alunos das classes populares. 2ed.São Paulo:Cortez,1992.p.31-41

TIGRE, A.B; TEIXEIRA,E. Diferenças: um olhar da psicanálise. Leituras compartilhadas. Leitura ampla: construção do olhar. Rio de Janeiro: Leia Brasil,v.5, 2005,2005,p.181-2. Fascículo especial.

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